Integrantes: Carolina Novaes (60136), Júlia Lautert (48076), Nathália Pereira (51051) e Carolina Machado (65260)
Turma 202
Bem-vindos a mais um texto do Blog
Cientista! Hoje vamos falar um pouco sobre a SISTEMÁTICA E A CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA, mas, antes de começarmos a
explicar tudo, lhe daremos algumas definições de palavras importantes.
SISTEMÁTICA:
é a ciência
dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações
filogenéticas entre os organismos.
TAXONOMIA:
incluída na
sistemática, é ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e
grupo de espécies, com suas normas e princípios.
BIODIVERSIDADE:
refere-se à
variedade apresentada pelos organismos vivos no planeta Terra. Não há uma
definição consensual de Biodiversidade, mas uma que podemos utilizar é “medida
da diversidade relativa entre os organismos presentes em diferentes
ecossistemas. ” Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre as
espécies e diversidade comparativas entre ecossistemas.
ESPECIAÇÃO: diz respeito ao processo evolutivo
que envolve o surgimento de novas espécies.
É a formação de uma nova espécie por meio de uma parte da espécie que se
diferencia por meio das variações genéticas e ganha características próprias.
Com esses termos explicados e
(assim se espera) compreendidos, podemos começar verdadeiramente esse conteúdo
tão interessante. Começaremos, então, com a história da classificação.
A classificação de seres vivos foi
discutida por muitos filósofos e estudiosos, pois, a medida que a cultura e as
primeiras civilizações se desenvolveram, surgiram também as primeiras
tentativas de classificar as espécies já conhecidas. Nesse texto, porém, só lhe
explicaremos sobre os mais notáveis desses filósofos e estudiosos, são eles ARISTÓTELES, TEOFRASTO e LINNAEUS (LINEU).
Aristóteles (cuja estátua está na
foto ao lado) foi um filósofo grego nascido por volta do século IV a. C. na
antiga cidade de Estágira. Sua escola, chamada de Liceu, tinha um método
peripatético, ou seja, ele e seus alunos andavam pela cidade discutindo vários
assuntos à medida que viam as coisas. Uma dessas discussões acabou gerando
importantes observações acerca dos seres vivos. Ele estabeleceu o primeiro
sistema de classificação com bases sólidas, apoiando-se em observações e
critérios bem definidos. Em sua classificação, os seres vivos estão organizados
em ordem decrescente de complexidade (a scala
naturae), que tinha como ser humano no ápice e esse pensamento persistiu
até o século XIX, quando Darwin apresentou suas ideias (isso veremos mais para
frente no texto). O importante nesse momento é saber que Aristóteles criou uma
classificação criteriosa de gênero e espécie, classificando os organismos
conhecidos em Animais, Vegetais e Minerais.
O próximo filósofo sobre o qual
iremos se chama Teofrasto, nascido também no século IV a. C. na cidade grega de
Eressos e, veja só, ele foi aluno de Aristóteles! Depois de estudar por algum
tempo no Liceu de seu mestre, ele saiu a viajar pelos domínios gregos, passando
a conhecer e catalogar muitos tipos de plantas diferentes. Todo o seu interesse
por plantas resultou em um grande trabalho, reunido no seu livro Historia plantarum, na qual as plantas
foram classificadas como ERVAS, ARBUSTOS e ÁRVORES, baseado em características como formas de reprodução,
ambientes onde viviam, métodos de semeadura, aplicações práticas e utilidade
como fonte de alimento.
Muitos e muitos anos depois do
período da Grécia Antiga e muito depois dos estudos desses dois grandes
filósofos, no século XVI, era a época das Grandes Navegações. Com isso, as
expedições tornaram-se presentes e os europeus, aos poucos, começavam a
conhecer outras diversas partes do mundo e, consequentemente, suas distintas
plantas e animais antes desconhecidos. Assim, todos esses organismos precisavam
ser descritos, nomeados e classificados, o que levou ao trabalho de alguns
estudiosos, o qual seria a base para o sistema de classificação moderno.
É nesse momento que entra em nossa
história a tal da taxonomia, cuja definição está no início desse texto. Ao
longo do tempo, surgiram vários sistemas taxonômicos, que visavam categorizar
mais e mais espécies trazidas de todas as partes do mundo, utilizando de certos
critérios para reunir os organismos em CATEGORIAS
TAXONÔMICAS (também chamadas de táxons).
Carl von Linné (latinizado Carolus
Linneaus, 1707-1778) — botânico, zoólogo, médico e naturalista sueco — foi um
dos estudiosos que dedicou seus trabalhos a estudar, classificar e nomear
espécies vegetais e animais. Para ele, a natureza está dividida em três reinos:
vegetal, animal e mineral. Foi ele também que dividiu cada reino em classes,
cada classe em ordens, cada ordem em gêneros e cada gênero em espécies.
As categorias taxonômicas atuais
seguem muitos conceitos propostos por Lineu. Esses níveis são (do mais
abrangente para o mais específico): REINO, FILO, CLASSE, ORDEM, FAMÍLIA, GÊNERO e ESPÉCIE. Em 1990, o biólogo
estadunidense Carl R. Woese (1928-2012) propôs a criação de uma categoria
superior aos reinos, os DOMÍNIOS,
que são 3.
Lineu teve como contribuição mais
importante o estabelecimento de regras de nomenclatura científica, as quais
iremos explicar no esquema abaixo (preste bastante atenção, pois isso será
bastante útil na hora de escrever o nome científico de algum organismo em suas
provas, qualquer regra ignorada pode resultar em um X indesejado na questão!):
Até o aparecimento dos
evolucionistas, acreditava-se que as espécies eram imutáveis e que eram, em
seus primórdios, exatamente como são hoje, o que favorecia o sistema de
classificação de organismos que não levava em consideração um possível
parentesco evolutivo. No século XIX, porém, Charles Darwin (1809-1882) sugeriu
que os organismos mudavam, sim. Para ele, ao longo de muitas gerações, o
acúmulo de pequenas diferenças, as quais favoreciam alguns indivíduos da
espécie com características vantajosas para a sobrevivência, ao longo de muitas
gerações, levaria à formação de uma nova espécie (isso se chama ESPECIAÇÃO, termo já explicado no
início do texto). Assim, ele denominou SELEÇÃO
NATURAL o mecanismo que torna possível o processo de evoluções.
Com essa nova concepção
evolucionista da natureza, fez-se necessária uma mudança no modo de pensar e
classificar os seres vivos. Já que se acreditava que as espécies sofriam
alterações com o tempo, formando novas espécies, era totalmente possível supor
que um ancestral comum tenha sido o ponto de partida de todas as outras
espécies (isso será melhor visto com as árvores filogenéticas e os cladogramas
mais à frente). Assim, a classificação deveria refletir as relações de
ancestralidade e descendência entre várias espécies, a fim de permitir a
compreensão do processo evolutivo.
Com isso também entra a SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA, proposta em
1966 pelo alemão Will Hennig (1913-1976), classificava os organismos
expressando as relações do parentesco evolutivo entre as espécies e enfatizava
as relações evolutivas em vez de agrupar os seres vivos por semelhança (como
fazia a sistemática clássica). Segundo a sistemática filogenética, a variedade
dos organismos é resultado de dois processos:
CLADOGÊNESE: conjunto de processos que tem como resultado a origem de duas novas espécies.
ANAGÊNESE: conjunto de processos que resulta
em diferenciações graduais e sucessivas em uma espécie, podendo resultar no
surgimento de uma nova espécie.
Com essa história toda de classificação, com todas essas mudanças e observações de estudiosos, ficamos com aquela famosa pergunta na ponta de nossa língua: “O QUE É UMA ESPÉCIE, ENTÃO?”. Graças a nós — e a todos os biólogos que discutem muito sobre isso — você poderá descobrir isso.
A primeira coisa que você deve
saber é a definição segundo o dicionário “
(Biologia) Categoria de classificação taxonômica usada para descrever os seres
morfologicamente parecidos que se reproduzem, gerando descendentes férteis. ”
Isso já explica bastante coisa, pois já temos uma das características
principais que é a GERAÇÃO DE PROLE
FÉRTIL. Mas há também outras características que podem nos dizer se os
indivíduos são da mesma espécie: SEMELHANÇA
MORFOLÓGICA (de forma), VIVER NUM
MESMO LOCAL, FORMAR POPULAÇÃO e CRUZAR ENTRE SI. Contudo, ainda não
podemos considerar esse conceito uma total e imutável verdade, pois ele ainda
está sendo discutido.
Com essa explicação sobre espécie, vale também aprofundar um pouco mais sobre a especiação e suas duas causas mais comuns, já que elas resultam na criação de novas espécies.
ISOLAMENTO
GEOGRÁFICO: ocorre
quando surge uma barreira geográfica que impede ou dificulta muito a reprodução
dos indivíduos dos grupos separados.
REDUÇÃO
DO FLUXO GÊNICO: ocorre
quando não há nenhuma barreira geográfica, mas por outros motivos não ocorre
cruzamento entre os grupos diferentes, como, por exemplo, quando uma espécie de
grama se estende por um vasto território, fazendo com que os indivíduos das
extremidades tenham poucas chances de cruzamentos. Com o passar do tempo, pode
ocorrer diversificação genética em cada um dos grupos.
Vale ressaltar que, quando dois
novos grupos de indivíduos entrarem em contato novamente e não forem capazes de
se reproduzir ou produzir prole fértil, os mesmos não fazem mais parte da mesma
espécie, de acordo com o conceito biológico de espécie.
—
Agora, juntando todos os
conhecimentos obtidos com a leitura desse texto, você poderá entender com maior
facilidade o cladograma!
CLADOGRAMA ou ÁRVORE FILOGENÉTICA é uma representação gráfica que tem como
objetvo expor as relações de parentesco evolutivo entre as espécies. Na base do
cladograma, encontramos a raiz, e ela representa o ancestral comum dos táxons
em estudo. Seguindo o caminho do cladograma, encontramos alguns pontos que
representam as novidades evolutivas ou apomorfias de cada grupo. As apomorfias
são características que diferem a espécie anterior das posteriores, justamente
porque as espécies que apareceram após o surgimento da apomorfia possuirão
características que não estavam presentes na espécie ancestral. Então,
percebemos que a nossa linha evolutiva se bifurca, dando origem a dois caminhos
distintos. Ao final, teremos todos os táxons atuais dispostos na extremidade da
árvore, e cada qual com sua trajetória evolutiva expressa no cladograma.
Vamos analisar um desses
cladogramas:
Podemos observar que todos os
táxons — os descendentes 1,2, 3 e 4 — derivam de um ancestral comum, que se
encontra na raiz do cladograma. Logo no início, encontramos o primeiro nó, que
provavelmente é o resultado de um evento clandogênico, que, como já vimos, é o
conjunto de processos que forma duas novas espécies. Assim seguimos até o
segundo nó, que é o ancestral comum entre 2, 3 e 4 e que dá origem a duas novas
espécies também por meio da clandogênese. E assim chegamos ao último nó, o
ancestral comum entre 3 e 4, sendo 4 o táxon mais evoluído desse cladograma.
Nesse processo evolutivo, também podem ter ocorrido o processo de anagênese,
como já vimos antes. Cada um dos novos táxons que surgem após os nós tem
“novidades evolutivas” ou apomorfias que os diferem da espécie ancestral.
Esperamos que, com esse texto, você possa ter compreendido bem a matéria e, é claro, que arrase em todas as provas necessárias! Esperamos você nos próximos posts aqui do Blog Cientista!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
CASTRO OSORIO, Tereza. Biologia 2.
2ª Edição. São Paulo: Edições SM, 2013
VERRI FILHO, Paulo. A Prova da
Evolução. National Geographic, fev. 2009. Página 52 a 55.
Moniz, Priscilla. Especiação. Disponível em:
<http://educacao.globo.com/biologia/assunto/origem-da-vida/especiacao.html> Acesso em 19 de fevereiro de 2017
Maciel, Willyans. Aristóteles. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/filosofia/aristoteles/> Acesso em 19 de fevereiro de 2017
NOVAES, Carolina. Sistemática e Classificação biológica: anotações feitas na aula do Professor Paim. 8 a 16 de fevereiro de 2017.